Amanhã de manhã

laura
1 min readMay 6, 2021

--

Amanhã de manhã, quando a luz do Sol entrar pela janela e os lençóis estiverem bagunçados, você ainda irá me amar? Amanhã de manhã, quando minha maquiagem estiver borrada, se já não ter saído do meu rosto, você ainda me achará bela? Amanhã de manhã, quando nossos calores estiverem afagados e não houver mais o desejo, você ainda me chamará de sua?

Essa noite, eu poderia me permitir me entregar a ti, como se o dia seguinte não me importasse, como se o mundo para fora desse quarto isolado não tivesse relevância. Essa noite, tudo poderia esvaecer enquanto me aninho em seu peito quente, sentindo sua respiração profunda, e me enrolo em seus braços longos — Deus sabe como gostaria que isso ocorresse. Essa noite, eu poderia ser sua, assim como você seria meu. Entretanto, meu desejo e minha paixão, que de mim tomaram posse há tempos, não poderão me guiar mais uma vez. Essa noite, para me permitir cair em teu corpo com a paixão que proclamo, preciso de garantias, certezas. Certeza de que, no amanhecer do dia que vem, poderei esperar pela próxima noite, pois saberei que haverá outras e que o meu corpo, que agora você possui, poderá, mais uma vez, sentir o teu suor, tua chama.

Então, mais uma vez lhe pergunto: amanhã de manhã, quando o Sol raiar e toda a sequência de acontecimentos dessa noite tornar-se passado, você ainda me amará?

Para aquele que um dia me afirmou seu amor.

--

--

laura

aspirante a escritora | estudante de jornalismo pela ufmg | enfj | tentando falar sobre a vida